Enquanto Corepunk segue tentando conquistar seu espaço no mercado de MMORPGs, o jogo nos apresenta mais camadas de profundidade em seus sistemas de progressão. Recentemente, os desenvolvedores implementaram um complexo sistema de aprimoramento de talentos que, em teoria, deveria enriquecer a experiência de jogo, mas na prática parece ser mais uma forma de sugar o tempo e os recursos dos jogadores.
Vamos desvendar o labirinto que é o sistema de talentos de Corepunk e analisar se ele realmente acrescenta ao jogo ou é apenas mais um grind desnecessário disfarçado de “profundidade”.
O Sistema de Aprimoramento de Talentos de Maestria
Os desenvolvedores de Corepunk recentemente adicionaram um sistema que permite melhorar os talentos de maestria de cada classe. Cada talento pode ter até três níveis de poder, sendo o primeiro nível adquirido quando você desbloqueia inicialmente o talento.
Aqui começamos a ver os primeiros sinais de problemas. Diferente de outros jogos onde você pode simplesmente evoluir suas habilidades com pontos de experiência ou completando desafios específicos, em Corepunk você precisa lidar com um sistema convoluto que envolve armas T3, extração de talentos e manutenção de durabilidade.
As melhorias podem aumentar a mobilidade em combate, dano de alvo único, dano em área, desempenho de cura ou sobrevivência. Porém, há uma limitação importante: você só pode melhorar um talento para o nível 3 ou dois talentos para o nível 2. Esta restrição força escolhas estratégicas, o que é bom para o gameplay, mas o método para alcançar essas melhorias é onde tudo se complica.
O Pesadelo Logístico das Armas T3
Para melhorar talentos de maestria, você precisa de armas T3. Existem duas abordagens principais: criar uma arma T3 “overclocked” ou inserir talentos em uma arma T3 existente.
Obter uma receita de arma T3 já é um desafio por si só. Diferente das receitas T1 e T2, que podem ser compradas de NPCs nas cidades, as receitas T3 só podem ser obtidas de três formas:
- Comprando de certos NPCs na Ilha da Prisão (que têm apenas chance de vender essas receitas)
- Como recompensas por vitórias na arena ou campos de batalha
- Comprando no mercado (onde os preços são frequentemente absurdos)
Este é um exemplo clássico de como os MMORPGs modernos transformam a progressão em uma sequência de obstáculos artificiais. Em vez de fazer algo divertido ou desafiador para melhorar seu personagem, você precisa participar de uma caça ao tesouro burocrática por itens específicos.
A Arte da Extração de Talentos
Se você pensou que criar uma arma T3 era complicado, prepare-se para o processo de extração de talentos. Você precisa de um “fragmentador de talentos”, que pode ser obtido comprando a receita de um NPC específico (novamente, necessitando de proficiência de artesão), fabricando-o com dois materiais T3 e um catalisador grande, ou comprando diretamente no mercado.
Com o fragmentador em mãos, você precisa levar a arma T3 com o talento desejado e uma ferramenta de desmontagem para uma máquina de síntese. Aqui vem outra pegadinha: um fragmentador extrai apenas um talento aleatoriamente dentre os dois presentes na arma. Para garantir a extração do talento específico que você deseja, você precisa de dois fragmentadores.
Estamos diante de um sistema que parece ter sido projetado para ser propositalmente complicado, aumentando o tempo de jogo sem necessariamente aumentar a diversão ou o desafio.
Durabilidade: A Cereja do Bolo da Frustração
Após todo esse trabalho para melhorar seus talentos, você ainda precisa lidar com a durabilidade dos itens “forjados”. Eles perdem durabilidade gradualmente durante o combate e rapidamente quando você morre. Quando a durabilidade chega a zero, o item simplesmente para de funcionar.
Para restaurar a durabilidade, você precisa de um item chamado “mend-o-matic”, que novamente pode ser obtido através de uma receita ou comprado no mercado. Quanto mais equipamentos forjados você usa, mais caro se torna manter seu personagem funcional.
O Sistema de Talentos Passivos: Ainda Mais Complexo
Como se o sistema de talentos de maestria não fosse complicado o suficiente, os talentos passivos seguem um processo semelhante, mas com artefatos T3 em vez de armas. A diferença principal é que os talentos passivos podem ter até cinco níveis de poder, e você pode carregar seis artefatos simultaneamente, cada um com dois aprimoramentos de talentos.
Encontrar o talento passivo específico que você deseja é um verdadeiro pesadelo. O sistema seleciona aleatoriamente de um pool de 120 talentos passivos, tornando extremamente difícil encontrar o que você precisa durante o processo de “reroll”. Um jogador relatou ter usado 90 recalibradores de reforja sem encontrar o talento desejado, eventualmente desistindo e comprando-o no mercado.
O Que Isso Diz Sobre Corepunk?
Este sistema de talentos é emblemático do que há de errado com muitos MMORPGs modernos. Em vez de criar sistemas que promovam experiências divertidas e significativas entre jogadores, os desenvolvedores optam por implementar mecânicas de progressão excessivamente complexas e demoradas.
Um bom sistema de progressão deveria ser intuitivo, recompensador e, acima de tudo, divertido. O sistema de talentos de Corepunk parece ter sido projetado para manter os jogadores ocupados com tarefas tediosas e processos complicados, em vez de incentivá-los a explorar o mundo, formar grupos e enfrentar desafios juntos.
Conclusão: Complexidade não é Profundidade
Corepunk tem potencial, mas sistemas como este mostram uma preocupante tendência de confundir complexidade com profundidade. Um jogo verdadeiramente profundo não precisa de sistemas convolutos para manter os jogadores engajados; ele cria experiências memoráveis através de mecânicas bem projetadas e oportunidades significativas para interação social.
Enquanto Corepunk continua a evoluir, espero que os desenvolvedores repensem sua abordagem para sistemas de progressão. Em vez de criar labirintos de crafting, extração e manutenção, eles poderiam focar em criar um mundo onde os jogadores queiram passar tempo juntos, enfrentando desafios e criando histórias que valem a pena contar.
No final das contas, não são os sistemas complexos que fazem um MMORPG memorável, mas as conexões que formamos e as aventuras que compartilhamos. Até que Corepunk entenda isso, receio que continuará sendo apenas mais um jogo com potencial desperdiçado em sistemas que priorizam o tempo gasto sobre a diversão proporcionada.