A Capcom tem sutilmente ressuscitado elementos de Monster Hunter Frontier nos últimos jogos da franquia, e o recém-lançado Monster Hunter Wilds não está fugindo desse padrão. O mais recente exemplo disso é a adição de um emote de pistola d’água que carrega nada menos que um GKU flutuando no centro - a adorável mascote de Frontier que equivalia ao Poogie nos jogos principais.

Enquanto muitos podem ver isso apenas como uma pequena easter egg, eu vejo algo mais profundo: a contínua integração de um legado que muitos acreditavam estar morto e enterrado. Será que a Capcom está apenas brincando com nostalgia ou realmente preparando terreno para algo maior?

O Ressurgimento de Frontier: Mais do Que Apenas Referências

Quando olhamos para o que aconteceu em Monster Hunter Sunbreak, fica evidente que a Capcom não está apenas fazendo acenos nostálgicos para os fãs de Frontier. A inclusão do Espinas - essencialmente o “Rathalos de Frontier” e um de seus principais monstros emblemáticos - foi um movimento ousado que poucos poderiam prever. E não parou por aí, já que posteriormente recebemos até mesmo o Flaming Espinas.

Mas a influência vai muito além dos monstros. Sistemas inteiros foram transplantados de Frontier para os jogos principais. A caça com companheiros controlados por IA, implementada em Sunbreak e agora presente no sistema de Suporte de Caçadores do Wilds, é um conceito diretamente importado de Frontier. O que antes era exclusivo de um MMO “secundário” agora é parte integrante da experiência principal de Monster Hunter.

Até mesmo elementos de jogabilidade mais técnicos como habilidades de armadura foram adaptados - a habilidade “Inspiration” em Sunbreak era basicamente uma versão de uma habilidade equivalente de Frontier. E para completar, tivemos sets de armaduras cosméticas de Frontier chegando como recompensas de eventos em Sunbreak.

As Condições Climáticas: Um Retorno às Raízes

Quando observamos os sistemas climáticos dinâmicos de Wilds, com tempestades que afetam a jogabilidade e interagem com os mecanismos dos monstros, é impossível não notar a semelhança com o que Frontier já fazia. O novo Leviatã de Wilds, por exemplo, muda seu comportamento com base no clima, tendo um modo “luz” sob o sol e um modo “relâmpago” durante tempestades, com os próprios raios servindo como perigos ambientais.

Fragmentos de Frontier em Monster Hunter Wilds

É fascinante perceber que essa implementação climática não é coincidência: Frontier foi construído com base em Monster Hunter DOS, que também apresentava elementos climáticos significativos. O que vemos em Wilds, especialmente na região Windward Plains, parece ser uma evolução natural dessas mecânicas, trazendo de volta conceitos que funcionaram bem no passado.

O Futuro da Integração: O Que Podemos Esperar?

Com desenvolvedores de Frontier agora trabalhando na equipe principal de Monster Hunter, a influência desse jogo perdido provavelmente continuará aumentando. Mas até que ponto a Capcom está disposta a ir?

Os “grandes nomes” de Frontier - os Dragões Anciãos e monstros de nível equivalente - ofereciam um nível de extravagância que raramente vimos nos jogos principais. Esses monstros não poderiam simplesmente ser transferidos sem alterações significativas, mas poderiam perfeitamente servir como desafios de endgame ou conteúdo de atualizações.

Pessoalmente, adoraria ver alguns dos monstros mais emblemáticos de Frontier ganhando uma nova vida. O Barioth Boa (Boa Badorumu) - o último monstro completamente novo adicionado a Frontier - seria uma adição fantástica. Ou talvez o Guanzorumu, o Dragão Imperador com seus subordinados que tentam arremessar os caçadores para uma morte instantânea.

A inclusão desses elementos não apenas honraria o legado de Frontier, mas também traria experiências genuinamente novas para jogadores que nunca tiveram a oportunidade de experimentar esse capítulo mais experimental de Monster Hunter.

Uma Integração Inevitável ou Apenas Nostalgia?

O que mais me chama atenção é como a Capcom tem estrategicamente reintroduzido elementos de Frontier - primeiro como pequenos Easter eggs, depois sistemas inteiros, então monstros, e agora parece estar preparando o terreno para algo mais ambicioso.

Vale notar que muitos monstros de Frontier estão recebendo nomes oficiais localizados através do jogo de cartas Monster Hunter Teppen, sugerindo que a Capcom está, no mínimo, mantendo essas criaturas relevantes no cânone da série.

No fim, o GKU flutuante na pistola d’água pode parecer apenas uma referência fofa, mas representa algo maior: a gradual reabsorção de um jogo que, embora oficialmente encerrado, continua vivo na memória dos desenvolvedores e fãs. E talvez, em breve, muito mais elementos desse universo perdido possam ressurgir.

Para alguém como eu, que valoriza as conexões genuínas que os MMORPGs podem criar, ver esses elementos de um MMO sendo integrados ao jogo principal me dá esperança. Não pelo retorno de Frontier em si, mas pela preservação do espírito de um jogo que, apesar de seus excessos e problemas, oferecia uma experiência única de Monster Hunter que merece ser lembrada.

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