Começar um MMORPG em 2025 que já tem mais de uma década de existência pode parecer intimidador. Será que ainda vale a pena? A comunidade ainda está ativa? O conteúdo antigo envelheceu bem? Uma jogadora decidiu mergulhar de cabeça em Guild Wars 2 e, após 150 horas de jogo, completando a história principal, Living World Seasons 1, 2 e 3, além de Heart of Thorns, ela tem muito a compartilhar sobre essa experiência.
Esta não foi sua primeira tentativa com o jogo. Há dois anos e meio, ela havia criado um ranger mas acabou abandonando antes mesmo de terminar o conteúdo base. Dessa vez, com uma Sylvari Mesmer, tudo foi diferente. A mudança de perspectiva, aliada a um recomeço fresco, transformou completamente a experiência e revelou por que Guild Wars 2 continua sendo um dos MMORPGs mais especiais do mercado.
A Direção de Arte Que Conquistou Com o Tempo
No início, a estética do jogo não clicou imediatamente. Havia uma tendência natural de comparar Guild Wars 2 com outros MMORPGs, o que criava uma barreira para apreciar sua identidade visual única. Mas uma vez que essa comparação foi deixada de lado, a mágica começou a acontecer.
O diretor de arte do jogo uma vez disse que eles tentam usar a cor como uma linguagem por si só, e isso se torna evidente quanto mais tempo você passa em Tyria. Um momento marcante aconteceu em Orr, explorando um deserto sombrio e cinzento, quando de repente surgiu um platô brilhando com luz dourada. Momentos como esse se tornaram cada vez mais frequentes, especialmente em Heart of Thorns, onde a sensação de estar jogando dentro de uma pintura gigante se intensifica.
Existem detalhes artísticos impressionantes por todo o jogo, desde pinceladas soltas até padrões expressivos. Até mesmo armas lendárias possuem efeitos que parecem pinceladas, um toque iconicamente Guild Wars 2. A estética única do jogo não é apenas sobre gráficos bonitos, mas sobre criar uma identidade visual coesa que conta uma história através das cores e formas.
Classes Divertidas Desde o Primeiro Momento
Uma das maiores surpresas foi descobrir que as classes em Guild Wars 2 são incrivelmente divertidas desde o início. Não é necessário esperar 50 níveis para se sentir poderoso ou ter acesso a habilidades interessantes. Em cerca de 10 minutos, você já está pressionando botões satisfatórios e experimentando diferentes armas.

A Mesmer se revelou uma escolha fascinante, apesar de muitos veteranos alertarem que é uma classe confusa para iniciantes. Usando uma espada grande como uma varinha para atirar raios laser, experimentando feitiços aquáticos de sereia, e depois desbloqueando a especialização elite Virtuoso foi transformador. É como se Frost Mage e Rogue de WoW tivessem um bebê, ou como se Sage fosse uma classe DPS. Com adagas flutuando sobre a cabeça, você se torna um mago assassino, criando clones que explodem em borboletas.
A jogadora também testou a Bunnymancer no beta, uma nova especialização que está chegando, e ficou encantada com a ideia de uma classe de coelho elétrico. Isso já garantiu que ela criará uma alt Elementalist antes do lançamento da expansão no final de outubro.
Montarias e Mundo Aberto: A Perfeição em Forma de Gameplay
Existem duas coisas que Guild Wars 2 faz melhor do que qualquer outro MMORPG: montarias e design de mundo aberto. E esses elementos são simbióticos, um amplificando a qualidade do outro de maneira magistral.
O Raptor, uma das primeiras montarias desbloqueadas, possui um peso e física únicos. Ele desliza ao parar, salta com impulso, avança com força, e até quando descansa, parece um ser vivo que você precisa aprender a guiar. Mas a montaria é apenas metade da história.
A outra metade é onde você a cavalga. Os mapas que inicialmente parecem planos revelam uma complexidade enganadora. Existem camadas, túneis e sistemas inteiros de cavernas que você não consegue ver de onde está. Aquele momento clássico de Skyrim, quando você sai de uma caverna e vê o horizonte se estender diante de você, acontece constantemente em Guild Wars 2. E detalhe: a caverna provavelmente também era um jump puzzle.
Os jump puzzles foram os primeiros a revelar quão densos os mapas realmente são. Um deles começa profundamente em uma caverna e continua subindo através de vinhas e rochas até que a luz do sol começa a aparecer através das folhas e você finalmente alcança o céu aberto. E isso não usa nem metade do mapa, apenas uma pequena porção.
Heart of Thorns: A Obra-Prima Vertical
Nada poderia ter preparado a experiência do mundo aberto de Heart of Thorns. É horrível e incrível ao mesmo tempo, uma verdadeira obra-prima. É uma selva impenetravelmente densa com inúmeras camadas, extremamente alta e profunda, com tanto conteúdo entre os níveis que você inevitavelmente se perderá.
Em um momento memorável, após tomar um helicóptero até o topo acima do dossel das árvores, houve uma queda acidental de uma ilha flutuante. A queda foi longa, aterrissando em um galho, e então continuou descendo ainda mais, alcançando lugares ainda mais profundos. A pura imensidão de escala faz você se sentir como um inseto.
O planador transforma completamente a forma como você pensa sobre navegação. Você começa a fazer geometria mental, mapeando trajetórias: “Preciso ir até aquele penhasco superior e planar de lá para chegar onde preciso.” É uma mudança fundamental na forma como você interage com o espaço do jogo.
A verticalidade de Heart of Thorns não é apenas um termo de marketing. Você pode cair em uma fenda aleatória após mergulhar do céu em velocidade máxima e descobrir uma vila escondida que leva a outra caverna. Os desenvolvedores da ArenaNet estão verdadeiramente em outro nível quando se trata de design de mapas.
Meta Events: MMO Massivo de Verdade
Os meta events são aventuras massivamente multiplayer no mundo aberto com dezenas de jogadores fazendo assaltos coordenados nos mapas. Se você está se perguntando como Guild Wars 2 está em 2025, basta participar de um desses eventos. O jogo está prosperando, com toneladas de pessoas em todos os horários do dia participando dessas atividades.
Existe uma zona onde o chefe parece ocupar metade do mapa sozinho. É uma experiência verdadeiramente épica que demonstra a escala e ambição do design de Guild Wars 2.
Os Desafios de Um Novo Jogador
Ser sincero sobre as dificuldades é importante. Guild Wars 2 não tem um onboarding adequado, ou pelo menos não tem um que explique tudo claramente. Durante o nivelamento de 1 a 80, muito tempo foi gasto fazendo corações e explorando, sem perceber que o adventure guide oferece muita experiência.
O jogo assume que você sabe muitas coisas que, na verdade, você não sabe. Itens aparecem nas suas bolsas e não está claro o que fazer com eles. A comunidade no Twitch chat foi essencial para aprender sobre salvaging (desmanchar itens). E o sistema de loot é peculiar: você recebe bolsas e bolsas de loot, e quando abre essas bolsas, encontra mais bolsas. São literalmente bonecas russas de loot.
Transmutation charges foram gastas loucamente no início, sem entender sua real importância. É uma lição comum em MMORPGs: como novo jogador, você precisa se sentir confortável com um certo nível de “não sei o que está acontecendo” para poder simplesmente se divertir sem tentar descobrir cada detalhe. Com o tempo, você absorve as informações lentamente, e tudo bem se demorar um pouco.
Combat e Build: Aprendendo na Prática
O combate tem uma sensação excelente e responsiva. Construir combo points para um grande golpe com Virtuoso é satisfatório. O combate definitivamente ficou mais difícil desde Heart of Thorns, mas com gear adequado, build configurado e prática na rotação, tudo flui naturalmente.
Você troca de armas, então tem uma quantidade razoável de botões, mas não tantos que seja enlouquecedor. A pior experiência de combate foi com as torres no jogo base, que eram tediosas. Em uma grande luta climática, você entra em uma torre e simplesmente pressiona 1, 1, 1. Foi decepcionante e pareceu inacabado.
Entender como montar um build ou qual gear conseguir foi um desafio que exigiu ajuda pesada da guild e do chat. Questões como “que stats eu preciso?”, “como ativa o build?”, “onde comprar gear?”, “onde fica a auction house?” foram todas respondidas pela comunidade. Sem essa ajuda, teria sido extremamente confuso.
A Interface Precisa de Amor
Os principais problemas enfrentados no combate estão majoritariamente ligados à UI e à impossibilidade de customizá-la. Existe o Blish UI que pode resolver muitos desses problemas, mas não utilizá-lo destaca as deficiências da interface padrão.
Não saber o que era uma break bar foi um problema por muito tempo. Chad teve que explicar mecânicas de boss onde era necessário pegar um buff de cor, mas tudo dependia de ler pequenos ícones de boons que são difíceis de ver e impossíveis de reposicionar ou redimensionar.
A impossibilidade de fazer stream em ultrawide é uma tragédia, pois o jogo é lindo, mas você não pode mover elementos da UI para o centro para mantê-los visíveis aos espectadores. A tela de wardrobe é tragicamente pequena e não redimensionável. O adventure log fica escondido. A falta de categorias nas bolsas. Tudo isso são problemas de UI.
Por outro lado, o desempenho do jogo tem sido impecável, mesmo com milhões de pessoas na tela e todos os efeitos visuais. E incrivelmente, não há downtime de manutenção. Você simplesmente reinicia o jogo e o patch está aplicado. É impressionante.
Uma História Que Melhora Progressivamente
Sem spoilers, a história definitivamente tem melhorado consistentemente. Já houve algum dano emocional, no bom sentido. Veteranos comparam o jogo base com A Realm Reborn de Final Fantasy XIV, e essa comparação é justa. Como alguém que não se importou com ARR, a história do core game foi envolvente e sempre criava expectativa para o próximo capítulo.
A Wild Hunt de Trahearne foi fascinante, e atravessar Orr foi memorável. Em alguns lugares, é fácil imaginar como teria sido em tempos melhores. Existem tantos personagens adoráveis como Rytlock, uma verdadeira lenda, e Taimi, uma das favoritas.
O reveal de Heart of Thorns que acontece em uma história de patch pode ter sido o melhor reveal de expansão de todos os tempos. Eles entregam um momento de história incrivelmente empolgante como cliffhanger, e então você simplesmente vê na tela: Heart of Thorns. Jogadores na época não tinham ideia de que uma expansão estava chegando. Mesmo sabendo que estava vindo, ainda foi possível sentir uma fração da mágica que os jogadores originais devem ter sentido.
De uma perspectiva de escrita criativa, a estrutura narrativa é sólida. Existem eventos que impulsionam o momentum da trama e fazem você querer saber o que acontece a seguir. É possível confiar nos escritores. Se um personagem se machuca em batalha, isso não é esquecido. Se alguém passa por trauma, isso importa depois. Coisas que aconteceram há muito tempo são construídas no futuro. Os escritores respeitam seu próprio worldbuilding, o que é essencial.
A Música Subestimada de Tyria
As pessoas dormem na música deste jogo. A música ambiente por todo o mundo é excelente. Heart of Thorns tem várias faixas que surpreendem pela qualidade. E quem pode esquecer a linda canção que toca no final do core game? São momentos musicais que elevam a experiência emocional de forma significativa.
Uma Comunidade Acolhedora
A comunidade de Guild Wars 2 tem sido incrivelmente acolhedora. A paciência, gentileza e compreensão enquanto uma nova jogadora tropeça pelo conteúdo, lentamente pegando as coisas pouco a pouco, esquecendo e tendo que aprender novamente, tem tornado essa jornada especialmente divertida.
As melhores memórias incluem jogadores dando port, ajudando com turtles para sair de problemas (ou entrar neles), e toda a assistência generosa. A guild “Only Buns” está recrutando para quem quiser participar dessa comunidade.
Vale a Pena Começar Guild Wars 2 em 2025?
Após 150 horas no conteúdo que foi lançado há 10 anos, é possível afirmar com confiança que os desenvolvedores já haviam encontrado seu ritmo naquela época e estavam entregando qualidade consistente. O mundo aberto continua sendo uma obra-prima. Heart of Thorns se sente como uma verdadeira aventura na selva onde as apostas são reais.
O próximo objetivo é Path of Fire, e veteranos garantem que é ainda melhor que Heart of Thorns. Para novos jogadores considerando Guild Wars 2 em 2025, a resposta é clara: sim, definitivamente vale a pena. O jogo está vivo, a comunidade está ativa, e o conteúdo envelheceu excepcionalmente bem.
Guild Wars 2 provou que um MMORPG pode ser atemporal quando possui fundações sólidas: gameplay divertido, mundo aberto magistralmente construído, e uma comunidade que continua investida em compartilhar essa experiência com novos aventureiros. Tyria está esperando, e nunca é tarde demais para começar sua jornada.