Desde o lançamento de Monster Hunter Wilds, a comunidade tem acompanhado de perto não apenas o conteúdo do jogo, mas também seus desafios técnicos. Agora, com os resultados do terceiro trimestre fiscal da Capcom revelando quedas ainda mais significativas nas vendas, surge uma questão preocupante: qual será o destino da expansão do jogo?
A situação coloca a Capcom em uma encruzilhada delicada. Manter o motor gráfico atual pode significar perpetuar problemas de otimização, enquanto mudá-lo poderia atrasar drasticamente o lançamento da expansão. Vamos explorar os desafios que a desenvolvedora enfrenta e as possíveis soluções para esse dilema.
O Problema de Otimização que Persiste
Seis meses após o lançamento, Monster Hunter Wilds continua enfrentando críticas severas quanto ao seu desempenho técnico, especialmente na versão para PC. A plataforma Steam reflete esse descontentamento com avaliações mistas e críticas negativas recentes dos usuários. O núcleo do problema está na exigência desproporcional do hardware em relação ao que é apresentado visualmente na tela.
As atualizações lançadas pela Capcom trouxeram melhorias incrementais, mas nada que pudesse ser considerado substancial. Pior ainda, alguns patches introduziram novos problemas, como travamentos inesperados, carregamento incorreto de shaders e outras falhas técnicas que frustraram ainda mais a base de jogadores. Enquanto isso, as versões para PlayStation 5 e PlayStation 5 Pro apresentam desempenho decente, mas longe de extraordinário.
A comparação com outros títulos de mundo aberto torna a situação ainda mais evidente. Jogos com visuais superiores rodam com melhor otimização do que Wilds, levantando questionamentos sobre as escolhas técnicas da Capcom durante o desenvolvimento.
A Queda nas Vendas e as Expectativas da Capcom
O primeiro mês de lançamento foi promissor, impulsionado pelo hype acumulado após o sucesso estrondoso de Monster Hunter World e Iceborne, além da experiência positiva que muitos tiveram com Rise e Sunbreak. No entanto, os relatórios fiscais subsequentes contam uma história diferente. A queda nas vendas foi drástica do segundo para o terceiro trimestre, muito além do esperado pela Capcom.

Embora 10 milhões de cópias vendidas possam parecer impressionantes para muitos desenvolvedores, a Capcom classificou os resultados como “suaves”, um termo que evidencia a desilusão da empresa. As expectativas eram claramente de repetir ou aproximar-se do fenômeno que foi Monster Hunter World, que continuou vendendo consistentemente muito tempo após o lançamento. A diferença no padrão de vendas é alarmante e demonstra que algo não ressoou da forma esperada com o público.
O Dilema do Motor Gráfico RE Engine
A atualização quatro, prevista para dezembro, deve trazer Gogmacios como o último grande monstro antes de possíveis atualizações menores com hipercurtidos. Isso marca o fim do ciclo de conteúdo base do jogo, e tradicionalmente seria o momento em que a Capcom já estaria trabalhando na expansão. Mas aqui surge o dilema central: continuar usando o RE Engine ou partir para uma mudança radical?
O RE Engine provou ser excelente para os jogos Resident Evil, com seus ambientes mais fechados e controlados. No entanto, tanto Dragon’s Dogma 2 quanto Wilds demonstraram que o motor enfrenta dificuldades significativas em cenários de mundo aberto ou semi-aberto. Essa constatação coloca a Capcom diante de três caminhos possíveis, cada um com suas próprias consequências.
Três Cenários Possíveis para a Expansão
O primeiro cenário seria manter o RE Engine e lançar a expansão em 2026 ou início de 2027, conforme o esperado pelos fãs. Esta opção permitiria continuidade e um desenvolvimento mais rápido, mas carrega o risco enorme de replicar os mesmos problemas técnicos que prejudicaram o jogo base. Se cinco anos de desenvolvimento não foram suficientes para otimizar adequadamente o título original, quanto tempo seria necessário para garantir que a expansão não enfrente as mesmas críticas?
A segunda possibilidade envolveria migrar completamente para um novo motor gráfico, reconhecidamente mais adequado para jogos de mundo aberto. Este caminho exigiria não apenas recriar toda a expansão no novo motor, mas provavelmente reimplementar o jogo base também. Afinal, seria inviável ter jogadores do Wilds original incapazes de acessar a expansão por incompatibilidade de motores gráficos. O custo? Um atraso massivo que poderia empurrar o lançamento para 2028 ou além, momento em que a comunidade já poderia ter perdido o interesse.
O terceiro cenário, e talvez o mais radical, seria a Capcom abandonar completamente a ideia de uma expansão tradicional para Wilds e partir direto para um novo título da série, já desenvolvido em um motor mais adequado desde o início. Este seria um movimento sem precedentes na história da franquia Monster Hunter, mas não impossível dadas as circunstâncias.
O Que Está em Jogo
A decisão da Capcom terá implicações profundas não apenas para Monster Hunter Wilds, mas para o futuro da franquia como um todo. A desenvolvedora construiu uma base sólida de expectativas com a comunidade, especialmente após o sucesso de World. Decepcionar essa base novamente poderia ter consequências duradouras para a confiança dos jogadores na série.
Por outro lado, apressar uma expansão apenas para cumprir prazos, usando o mesmo motor problemático, poderia ser ainda mais prejudicial. A história dos videogames está repleta de exemplos de desenvolvedoras que sacrificaram a qualidade técnica em prol de cronogramas agressivos, geralmente com resultados desastrosos para a reputação e vendas futuras.
A questão técnica se entrelaça com a financeira de forma complexa. Investir tempo e recursos em uma mudança de motor pode parecer um desperdício no curto prazo, mas poderia ser essencial para a longevidade da franquia. Alternativamente, trabalhar intensivamente na otimização do RE Engine para ambientes abertos poderia beneficiar não apenas Wilds, mas futuros projetos da Capcom nesse estilo.
Reflexões Finais
A Capcom se encontra em território inexplorado com Monster Hunter Wilds. Não há memória recente na indústria de uma desenvolvedora reimplementando completamente um jogo em um novo motor gráfico após o lançamento, o que torna qualquer especulação sobre esse caminho especialmente incerta. O que é certo é que a empresa precisa tomar uma decisão em breve, e essa escolha moldará o futuro não apenas desta expansão, mas possivelmente de toda a próxima geração de títulos Monster Hunter.
A comunidade aguarda ansiosamente por sinais de qual direção a Capcom tomará. Será que veremos uma expansão tradicional lutando contra as mesmas limitações técnicas? Uma reimaginação completa do jogo em um novo motor, mesmo que isso signifique esperar anos? Ou talvez um novo começo com um título completamente diferente?
O que você acha que a Capcom deveria fazer? Vale a pena o risco de manter o RE Engine esperando que a otimização finalmente se resolva? Ou seria melhor um recomeço total, mesmo com o custo de tempo e recursos envolvidos? O futuro de Monster Hunter Wilds está verdadeiramente em uma encruzilhada fascinante e preocupante ao mesmo tempo.