A Capcom está enfrentando uma situação delicada com Monster Hunter Wilds. Apesar do início explosivo com 10 milhões de cópias vendidas no primeiro mês, o jogo agora amarga uma queda vertiginosa nas vendas e na base de jogadores ativos. Os números recentes revelam que títulos mais antigos da própria Capcom estão performando melhor que o lançamento deste ano, levantando questões sérias sobre o futuro da franquia.
O que deveria ser um dos grandes sucessos de 2025 acabou se tornando um exemplo do que pode acontecer quando um jogo com enorme potencial é lançado em um estado técnico precário. As review scores continuam baixas, e a comunidade demonstra pouco interesse em retornar ao título, mesmo após tentativas de correção por parte da desenvolvedora.
Os Números Não Mentem: Uma Queda Sem Precedentes
O relatório financeiro da Capcom referente ao segundo trimestre fiscal de 2025 (julho a setembro) trouxe revelações preocupantes. Monster Hunter Wilds alcançou 10,745 milhões de cópias vendidas até 30 de setembro, o que significa que apenas 745 mil unidades foram comercializadas nos sete meses seguintes ao lançamento. Para contextualizar: o jogo vendeu 10 milhões de cópias no primeiro mês e menos de um milhão nos sete meses subsequentes.
A comparação com outros títulos recentes da Capcom é ainda mais reveladora. No segundo trimestre fiscal de 2025, Resident Evil Village vendeu 643 mil cópias, Resident Evil 4 Remake alcançou 554 mil, Street Fighter 6 vendeu 547 mil unidades, Devil May Cry 5 registrou 352 mil vendas e, surpreendentemente, Monster Hunter Rise conseguiu 254 mil cópias vendidas. Enquanto isso, Monster Hunter Wilds adicionou apenas 60 mil novas vendas no mesmo período.
O Problema da Base de Jogadores Ativos
Os números no Steam pintam um quadro ainda mais alarmante sobre o engajamento dos jogadores. O pico histórico de jogadores simultâneos foi de aproximadamente 1,4 milhão logo após o lançamento em fevereiro. Sete meses depois, o pico de 24 horas mal ultrapassa 43 mil jogadores, com apenas cerca de 18 mil jogadores online simultaneamente no momento da análise.
Mesmo o melhor desempenho pós-lançamento, registrado em abril com 500 mil jogadores simultâneos, representa apenas um terço do pico inicial. Esses números demonstram que a base de jogadores não está retornando ao título, e novos jogadores não estão sendo atraídos na velocidade esperada.
As Razões Por Trás do Fracasso
Monster Hunter Wilds enfrentou múltiplos problemas desde o lançamento. A comunidade hardcore da franquia criticou duramente a direção mais casual do jogo, sentindo que a Capcom estava tentando “normalizar” a experiência para atrair um público mais amplo, perdendo elementos que tornavam a série especial.
Mais grave ainda foram os problemas técnicos. Performance abismal, bugs constantes, glitches frequentes e otimização péssima marcaram as primeiras semanas do jogo. Mesmo com um grande update lançado em junho de 2025 com o objetivo de corrigir esses problemas, a atualização acabou criando novos bugs, minando ainda mais a confiança dos jogadores.
As review scores permaneceram predominantemente negativas mesmo após as tentativas de correção, refletindo a frustração da comunidade com o estado técnico do jogo.
A Competição e a Falta de Conteúdo
Outro fator crucial é a ausência de atualizações consistentes de conteúdo. A Capcom não implementou grandes expansões ou eventos regulares que pudessem manter os jogadores engajados ou trazer de volta aqueles que já completaram o conteúdo inicial. Em um mercado saturado de opções como Escape from Tarkov, Silkong, Expedition 33 e até Battlefield 6, Monster Hunter Wilds não consegue competir pela atenção dos jogadores.
A estratégia de “lançar e esquecer” simplesmente não funciona no cenário atual dos games como serviço. Jogadores que completaram a história ou atingiram seus objetivos pessoais não têm motivos para retornar sem novidades substanciais.
O Que Isso Significa Para o Futuro da Franquia
Embora 10 milhões de cópias vendidas seja um número que qualquer desenvolvedora desejaria, o contexto dessa conquista é preocupante. A Capcom provavelmente já entendeu que lançar outro Monster Hunter nesse estado resultaria em vendas ainda piores. A confiança dos consumidores foi abalada, e muitos provavelmente esperarão por análises detalhadas, promoções de preço ou confirmação de que o próximo título está em melhor estado técnico antes de abrir a carteira novamente.
É provável que vejamos a franquia entrar em hiato por alguns anos enquanto a Capcom reavalia sua abordagem. A empresa certamente trabalhará em um novo título, mas precisará reconstruir a confiança perdida e garantir que o próximo lançamento seja tecnicamente sólido desde o dia um.
Lições Não Aprendidas
O caso de Monster Hunter Wilds serve como mais um lembrete doloroso de que mesmo franquias estabelecidas não estão imunes às consequências de lançamentos problemáticos. A indústria viu exemplos similares nos últimos anos, e ainda assim desenvolvedoras continuam priorizando datas de lançamento sobre qualidade técnica.
Para os fãs da série, resta a esperança de que a Capcom aprenda com esses erros. Monster Hunter é uma franquia querida com potencial imenso, mas esse potencial só pode ser realizado quando o respeito pelos jogadores e pela qualidade técnica estão no centro do desenvolvimento.
A mensagem que os números enviam é clara: jogadores não tolerarão mais lançamentos inacabados, mesmo de suas franquias favoritas. E quando a confiança é perdida, recuperá-la é uma batalha infinitamente mais difícil do que simplesmente fazer o trabalho direito desde o início.