A Capcom acaba de nos presentear com mais um exemplo perfeito de como a indústria moderna perdeu completamente o norte. O update 1.021 de Monster Hunter Wilds prometia ser a redenção de um jogo que já chegou ao mercado completamente quebrado, mas conseguiu fazer o impossível: piorar ainda mais a situação. Estamos falando de jogadores com RTX 4090 - placas de vídeo que custam mais que um carro usado - relatando quedas brutais de FPS depois da atualização.

É exatamente essa obsessão doentia por gráficos cinematográficos e ray tracing que está matando os jogos modernos. Enquanto a Capcom se preocupa em adicionar reflexos bonitinhos nos pelos do Rathalos, milhares de jogadores não conseguem nem sair do acampamento sem o jogo travando. É o retrato perfeito de uma indústria que esqueceu completamente que um jogo precisa funcionar antes de ser bonito.

O Tiro no Pé: Ray Tracing em um Jogo Quebrado

Vocês querem entender o nível de desconexão com a realidade? A Capcom literalmente adicionou ray tracing - uma tecnologia extremamente pesada - em um jogo que já rodava pior que uma carroça com roda quadrada. É como colocar som automotivo em um carro sem freio e achar que isso vai resolver alguma coisa.

Essa mentalidade é tudo que está errado com a indústria atual. Lembram do Tibia? Lamentosa? Esses jogos funcionavam perfeitamente desde o primeiro dia porque os desenvolvedores entendiam que a experiência do jogador vem em primeiro lugar. Não importa se os gráficos são de navegador ou se as animações são simples - o que importa é se o jogo cumpre sua função básica: entreter sem frustar.

Monster Hunter Wilds é o exemplo perfeito de como não fazer um jogo. Tem uma base sólida, mecânicas interessantes, mas foi completamente arruinado por uma obsessão doentia com gráficos de última geração que simplesmente não funcionam na prática.

O Endgame de Fachada: Quando Conteúdo Não Resolve Performance

O update trouxe versões “temperadas” de nove monstros para jogadores nível 100+. É basicamente a mesma coisa que você já fez cem vezes, só que agora os bichos te matam em dois hits ao invés de três. Que inovação revolucionária, não é mesmo?

Essa preguiça criativa me lembra exatamente do que mais odeio nos MMORPGs modernos: a falta de originalidade disfarçada de conteúdo. É como pegar uma quest de “mate 10 ratos” e transformar em “mate 10 ratos dourados”. Tecnicamente é conteúdo novo, mas na prática é mais do mesmo com uma tinta diferente.

Monster Hunter Wilds continua quebrado após atualização

Compare isso com jogos como Lamentosa, onde cada boss fight é uma experiência única que exige coordenação real entre os jogadores, estratégia de clã, e gera conexões genuínas. Não precisa de gráficos em 4K com ray tracing - precisa de mecânicas inteligentes e funcionais.

O Sistema de Talismãs: Cassino Disfarçado de Gameplay

Agora chegamos na cereja do bolo da mediocridade: o novo sistema de talismãs com “pedras brilhantes”. Você mata um monstro nove estrelas (que demora 20 minutos), torce para dropar a pedra, e então reza para o RNG te dar um talismã que não seja completamente inútil.

É literalmente uma raspadinha de 20 minutos. RNG em cima de RNG, em cima de mais RNG. Você não tem controle sobre nada, apenas a ilusão de progresso através de pura sorte. Isso não é gameplay, é manipulação psicológica disfarçada de mecânica de jogo.

Sabe o que é verdadeiro endgame? Quando jogadores se organizam naturalmente para enfrentar desafios que exigem coordenação real, como acontece no Lamentosa ou nos velhos tempos do Runescape. Não essa loteria digital que transforma tempo investido em frustração garantida.

A Comunidade Abandonada: Quando Reviews Viram Grito de Socorro

As reviews na Steam despencaram para “bem negativas”, e não é exagero dizer que chegamos no purgatório dos jogos. Tem gente com setups de R$ 15.000 rodando o jogo em 1080p com drops constantes para 45 FPS. Para comparação, esses mesmos jogadores conseguem rodar Cyberpunk 2077 com ray tracing ativado em performance superior.

A situação chegou num ponto tão crítico que a Capcom cancelou uma apresentação sobre performance porque os desenvolvedores estavam recebendo ameaças. Obviamente ameaças são inaceitáveis, mas é impossível não entender a frustração de uma comunidade que pagou R$ 250 em um produto que simplesmente não funciona.

O que mais me irrita é que a comunidade está fazendo o trabalho que a Capcom deveria ter feito. Jogadores criando mods para otimização, compartilhando soluções técnicas, transformando fóruns de discussão em grupos de suporte técnico. É a própria definição de incompetência empresarial.

O Paradoxo da Capcom: Quando a Empresa Sabe Fazer, Mas Escolhe Não Fazer

Aqui está o que mais me deixa furioso com toda essa situação: a Capcom SABE fazer jogos que funcionam. Resident Evil 4 Remake roda perfeitamente, Devil May Cry 5 é extremamente bem otimizado, Street Fighter 6 funciona sem problemas. Por que justamente Monster Hunter, que é uma das franquias mais lucrativas, recebe o tratamento mais incompetente?

A especulação é que a engine RE Engine não foi projetada para mundos abertos, funcionando bem apenas em ambientes fechados. Mas isso só torna tudo ainda mais absurdo - por que apostaram todas as fichas em uma tecnologia que não estava pronta para o projeto?

É como usar um Fusca para puxar uma carreta. Pode até funcionar em teoria, mas na prática vai ser um desastre anunciado.

A Obsessão Gráfica que Mata Jogos

Monster Hunter Wilds representa tudo que está errado com a direção atual da indústria de jogos. Uma obsessão doentia por gráficos cinematográficos que sacrifica completamente a jogabilidade funcional.

Enquanto a Capcom se preocupa em fazer os pelos dos monstros tremularem realisticamente, jogadores não conseguem nem carregar o jogo direito. É uma inversão completa de prioridades que mostra como perdemos o rumo do que realmente importa em um videogame.

Vocês sabem qual é a diferença entre Monster Hunter Wilds e Lamentosa? Um tem gráficos de última geração e não funciona. O outro tem interface de navegador e cria conexões reais entre jogadores há anos. Adivinha qual dos dois é mais bem-sucedido como experiência de jogo?

O Futuro Sombrio: Promises Vazias e Mais Espera

A Capcom promete melhorias de performance nos Title Updates 3 e 4, previstos para setembro e dezembro. Ou seja, o jogo vai ficar em estado de beta por quase um ano inteiro. É uma falta de respeito com o consumidor que chegaria a ser impressionante se não fosse tão comum na indústria atual.

Sinceramente, acredito que eles não vão conseguir resolver completamente os problemas. Se fosse uma questão técnica simples, já teriam consertado há meses. Ninguém deixa um jogo que vendeu milhões sangrando players e reviews ruins por pura preguiça - significa que o problema é mais profundo e estrutural.

A Lição Amarga: Quando Funcionalidade Deveria Vir Primeiro

Monster Hunter Wilds poderia ter sido incrível. A base está lá, as mecânicas core são interessantes, o design dos monstros é competente. Mas a Capcom conseguiu cagar um diamante por pura incompetência técnica e obsessão gráfica.

É exatamente por isso que defendo jogos mais simples e funcionais. Lamentosa não precisa de ray tracing para criar momentos épicos de cooperação entre jogadores. Tibia não precisa de gráficos cinematográficos para gerar conexões sociais genuínas que duram décadas.

A indústria precisa urgentemente reaprender que gráficos são enfeite, funcionalidade é essencial. Um jogo feio que funciona perfeitamente sempre será superior a um jogo lindo que não roda. É matemática simples que, aparentemente, a Capcom ainda não aprendeu.

Recomendação Final: Esperem, Muito Mais

Minha recomendação? Se você não está jogando, continue não jogando. Esperem até a Capcom provar que consegue consertar essa bagunça - se é que vão conseguir.

Se você consegue rodar o jogo decentemente (parabéns, você é parte de uma minoria privilegiada), aproveite o conteúdo novo. Pelo menos é algo para fazer enquanto esperamos por milagres.

Mas não se iludam: Monster Hunter Wilds é um caso clássico de potencial desperdiçado por incompetência técnica e prioridades erradas. É o retrato perfeito de uma indústria que perdeu completamente o foco no que realmente importa: fazer jogos que funcionem antes de fazer jogos que impressionem visualmente.

A pergunta que fica é: quantos desastres como esse vamos precisar ver antes da indústria finalmente entender que jogabilidade vem primeiro, gráficos vem depois?

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