A Temporada 11 de Diablo 4 está trazendo mudanças profundas no sistema de jogo, mas nem todas elas estão sendo bem recebidas pela comunidade. Enquanto muitos jogadores estão se divertindo bastante na Temporada 10, três alterações específicas prometem causar sérios problemas se a Blizzard não agir rapidamente para corrigi-las.

Essas mudanças afetam desde a compreensão básica de como funcionam as defesas do seu personagem até a progressão de equipamentos e o próprio endgame. Vamos analisar cada uma delas em detalhes para entender por que a comunidade está tão preocupada e quais feedbacks estão sendo enviados aos desenvolvedores.

O Caos do Novo Sistema de Resistência

A maior dor de cabeça que está tirando o sono dos jogadores é o novo sistema de resistência que será implementado na Temporada 11. Essa reformulação representa a maior mudança defensiva em Diablo 4 desde o primeiro rework, mas sua implementação está deixando todo mundo completamente perdido.

Para entender o problema, primeiro precisamos compreender o que está mudando. A armadura agora vai afetar todos os tipos de dano, não apenas o físico. Além disso, foi adicionada uma resistência física que funciona junto com as resistências elementais já existentes. O grande problema é que tanto a armadura quanto as resistências foram convertidas de um sistema percentual claro para um sistema de pontuação com retornos decrescentes.

Na prática, isso significa que aquela clareza que tínhamos antes simplesmente desapareceu. Antigamente, quando você atingia 1000 de armadura, sabia que estava capando a mitigação de dano físico. Quando chegava em 75% de resistência elemental, pronto, objetivo cumprido. Era direto, intuitivo e fácil de entender.

Agora? O novo atributo chamado “toughness” dilui e mascara completamente os problemas defensivos da sua build. Esse valor representa uma média entre várias defesas, o que faz com que buracos críticos na sua proteção passem completamente despercebidos. Você pode ter um número altíssimo de toughness e ainda assim levar um hit mortal sem entender o que aconteceu.

Descrição da imagem

Essa confusão é especialmente perigosa para classes com muita armadura base, como o Bárbaro. Imagine estar jogando no modo Hardcore com um número aparentemente seguro de defesa, apenas para ser eliminado por um ataque elemental que você nem percebeu que estava vulnerável. O sistema falha em seu próprio objetivo de ser um indicador confiável.

O mais frustrante é que mesmo quando você morre e tenta investigar o que deu errado, o sistema não te dá respostas claras. Aumentar o número de toughness não necessariamente resolve o problema, porque talvez você precise especificamente de mais regeneração de HP, vida por acerto, fortificação ou uma resistência elemental específica. Mas como saber isso se o jogo não mostra claramente onde está o problema?

Masterworking: Copiaram, Mas Não Entenderam

O segundo grande problema está na reformulação completa do sistema de Masterworking. Enquanto o antigo sistema permitia upgrades aleatórios em afixos, o novo modelo é mais “limpo” e direto, mas isso não significa que seja melhor.

A mudança principal é que o Masterworking agora simplesmente transforma um afixo aleatório do seu item em um afixo primevo, aquele famoso GA (Greater Affix). Além disso, ele aplica qualidade ao item através de um sistema que vai de 1 a 20, mas esse sistema só melhora o atributo base do equipamento. Se for uma arma, melhora o dano flat. Se for armadura, aumenta a resistência base. Se for uma joia, melhora a resistência elemental base.

Esse sistema foi claramente inspirado no Path of Exile, mas a Blizzard parece ter copiado apenas a parte visual, sem entender os cálculos por trás. Em Path of Exile, esse tipo de progressão funciona porque o jogo foi construído em torno dela. Em Diablo 4, a valorização desses números base simplesmente não tem o mesmo peso ou impacto.

O resultado prático é devastador para o poder das builds. Com os afixos da Tempra sendo reduzidos de dois para apenas um, e a impossibilidade de melhorar afixos exceto transformando-os em GA, muita escalabilidade foi cortada do jogo. Isso representa um nerf generalizado em absolutamente todas as builds existentes.

As armas perderam muito DPS mesmo com esse refinamento de qualidade. Builds que eram perfeitamente viáveis na Temporada 10 podem simplesmente deixar de existir na Temporada 11. Por outro lado, builds que antes tinham dificuldade em alcançar valores adequados de resistência ou armadura podem se beneficiar com uma progressão defensiva mais uniforme entre as classes.

Torre e Fosso: Por Que Precisamos dos Dois?

O terceiro ponto problemático é mais uma questão de design do que de mecânica pura: a coexistência da Torre e do Fosso. Sejamos honestos, qual é realmente a diferença entre esses dois modos? Uma desce e a outra sobe. Só isso.

A mecânica de gameplay é idêntica em ambos. Você junta grupos de inimigos, derrota-os, busca pylons específicos para enfrentar chefes o mais rápido possível e fica tentando encontrar bosses que sejam favoráveis à sua build para ter uma luta fluida e subir no ranking.

Nos testes realizados, a Torre mostrou-se mais divertida que o Fosso, com um modelo mais interessante. Mas isso não justifica manter os dois sistemas simultaneamente. Se o jogador precisa fazer o Fosso para upar glifos e fazer a Torre para competir nos rankings, estamos falando de uma duplicação desnecessária de conteúdo que só serve para cansar a base de jogadores.

A solução mais sensata seria escolher um dos dois e investir em torná-lo realmente envolvente. Se a escolha for manter o Fosso, pelo menos seria necessário torná-lo mais divertido, talvez permitindo que os poderes da temporada incluam passivas que acelerem o farm de glifos ou criando uma forma alternativa de upar essas runas do quadro de Paragon através da Horda Infernal.

Com a remoção das Armaduras do Caos, nem faz mais sentido continuar lutando contra Bartuk, exceto pelo farm de materiais para Masterworking e refinamento. Por que não transformar esse conteúdo em uma fonte alternativa de progressão para os glifos? Ninguém aguenta mais ser obrigado a fazer fosso atrás de fosso temporada após temporada apenas para upar glifos.

O Impacto nas Armaduras do Caos

Como bônus a esses três problemas principais, vale mencionar que a remoção das Armaduras do Caos terá um efeito dominó devastador na variedade de builds. Muitas construções extremamente divertidas que funcionam perfeitamente agora simplesmente deixarão de ser viáveis na próxima temporada.

Essa decisão da Blizzard de remover esse sistema sem oferecer uma alternativa adequada demonstra uma falta de compreensão sobre como as diferentes mecânicas do jogo se conectam. Quando você remove uma peça importante do quebra-cabeça da itemização, todo o resto desmorona junto.

O Problema do Feedback pela Metade

Um ponto frustrante em todo esse cenário é que a Blizzard tem recebido feedbacks detalhados da comunidade, mas frequentemente implementa as soluções pela metade. Um exemplo recente foi a mudança no sistema de Tempra. Os jogadores pediram a capacidade de selecionar valores mínimos e máximos, ter controle sobre o crafting e poder construir itens do zero.

A resposta da Blizzard foi implementar apenas uma fração dessas sugestões. É melhor que o sistema anterior? Sim. Está perto do que a comunidade realmente precisa? Não. Essa tendência de pegar feedback e “cortar no meio” antes de implementar cria uma sensação de que o estúdio não está realmente ouvindo ou compreendendo as preocupações dos jogadores.

Para a Temporada 11, a esperança é que a Blizzard leve mais a sério os feedbacks sobre resistência, Masterworking e a duplicação de conteúdo endgame. Caso contrário, muitos jogadores que estão adorando a Temporada 10 podem simplesmente decidir pular a próxima, esperando que essas questões sejam resolvidas em atualizações futuras.

A comunidade de Diablo 4 é apaixonada e engajada, sempre disposta a testar, fornecer feedback e ajudar a melhorar o jogo. Mas essa boa vontade precisa ser correspondida com ações concretas que demonstrem que as preocupações dos jogadores estão sendo genuinamente consideradas no processo de desenvolvimento.

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